Cuidado e saúde da população negra no Brasil na Atenção Primária à Saúde

Duas mulheres negras tomam café. Uma usa blusa vermelha e a outra marrom. Ambas falam sobre a saúde da população negra no Brasil

A qualidade da saúde e o acesso a atendimentos podem ser diferentes para negros e não negros? Os dados indicam que sim. E, ainda, que o problema se apresenta ao longo de variadas fases da vida de uma pessoa. 

4 doenças que são mais incidentes em pessoas negras

1- Diabetes tipo 2: causado pela produção insuficiente ou pela má absorção de insulina pelo organismo, torna necessário manter o nível de glicose no sangue controlado por meio da alimentação e/ou de medicamentos.

2- Hipertensão arterial: condição médica caracterizada pelo aumento da pressão sanguínea nas artérias. Se não controlada, pode aumentar o risco de complicações graves, como doenças cardíacas, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência renal e outras doenças vasculares.

3- Doença falciforme: grupo de distúrbios genéticos hereditários que afetam a hemoglobina, fazendo com que as células vermelhas do sangue assumam forma de foice (daí o termo “falciforme”) – menos flexíveis, obstruindo vasos sanguíneos e/ou mais fáceis de romper. A anemia falciforme é a forma mais comum e grave da doença.

4- Deficiência de G6PD: outro distúrbio genético, a deficiência da enzima Glicose-6-Fosfato Desidrogenase resulta na destruição dos glóbulos vermelhos, levando à anemia hemolítica.

DCNTs: diabetes e hipertensão na população negra

Gráfico das internações por diabetes na população negra
Fonte: Dados do SIH-DATASUS, disponíveis no Observatório da APS

Quando se trata da mortalidade por diabetes, no entanto, é importante considerar que o número tende a ser subestimado pelo fato da doença não ser a causa principal da morte, mas sim as complicações associadas a ela.

A doença foi a causa principal de 39.966 mortes no país todo em 2021. Considerando o conjunto das pessoas pretas e pardas, este grupo representa 20.165 óbitos por hipertensão, pouco mais da metade (50,4%), seguido pelos 46,6% de pessoas brancas.

Gráfico das mortes por hipertensão na população negra
Fonte: Dados do SIM-DATASUS, disponíveis no Observatório da APS

Mortalidade infantil e materna

Desigualdades étnico-raciais impactam diretamente na mortalidade infantil no Brasil.Em 2021, foram 2,7 milhões de nascimentos no país. No mesmo período, 31.850 crianças morreram antes de completar um ano, das quais 16.929 (53%) eram pretas e pardas.

Gráfico de Mortes de menores de 1 ano na população negra
Fonte: Mortalidade infantil (menores de 1 ano). Dados do SIM-DATASUS, disponíveis no Observatório da APS

A mortalidade de crianças menores de cinco anos também é mais alta entre a população negra, que respondeu por 53% (19.456) dos 36.877 óbitos em 2021. No mesmo período, morreram 13.780 crianças brancas, 923 indígenas, 70 amarelas e 2.648 de raça ignorada nessa mesma faixa etária.

Gráfico de mortes de menores de 5 anos na população negra
Fonte: Mortalidade infantil (menores de 5 anos). Dados do SIM-DATASUS, disponíveis no Observatório da APS

A taxa de mortalidade materna no Brasil é de 114,2 a cada 100.000 nascidos vivos. Até 2030, a ONU estabeleceu como Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) reduzir o índice global para menos de 70 mortes por 100.000 nascidos vivos. 

Política Nacional de Saúde Integral da População Negra

Ao abordar as disparidades no acesso aos cuidados de saúde, fatores de risco específicos e a importância da representatividade, podemos construir um sistema de saúde mais inclusivo e acessível para todos. O caminho para a melhoria da saúde da população no Brasil requer esforços coordenados e comprometidos de todos os setores da sociedade.