Saúde da mulher como protagonista na Atenção Primária à Saúde

Três mulheres estão ao ar livre e sorrindo. Estão falando sobre saúde da mulher

A saúde da mulher na Atenção Primária à Saúde diz respeito às 109,9 milhões de pessoas do gênero feminino que residem no Brasil atualmente, segundo pesquisa PNAD Contínua, com índices populacionais do 1º trimestre de 2023. Essas mulheres, em diferentes fases da vida, com diferentes necessidades e níveis de acesso a unidades básicas de saúde (UBS), demandam uma democratização cada vez maior no cuidado com a saúde feminina.

É necessário fortalecer ações voltadas a esse grupo, principalmente para algumas das queixas que mais acometem a saúde da mulher, segundo o Ministério da Saúde e o Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa:

  • Câncer do colo do útero;
  • Câncer de mama;
  • Diabetes;
  • Hipertensão.

Câncer do colo do útero: alto potencial de prevenção e cura

O câncer de útero é o terceiro tumor maligno mais frequente na saúde da mulher brasileira (atrás dos cânceres de mama e colorretal, excetuando o câncer de pele não melanoma), com 6,6 mil óbitos no Brasil em 2021, segundo os dados mais recentes do DATASUS – SIM disponíveis no Observatório da APS.

Entretanto, ele apresenta alto potencial de prevenção e cura quando diagnosticado precocemente. Por isso, consultas regulares de atenção básica são importantíssimas para o cuidado e tratamento.

O rastreamento do câncer do colo do útero é realizado pelo exame citopatológico (também conhecido como Papanicolau), e deve ser feito a partir de 25 anos em todas as mulheres que iniciaram atividade sexual, de três em três anos.

Apesar dessa recomendação, 20,4% das mulheres de 18 ou mais anos das capitais brasileiras nunca realizaram o exame, sendo que para a faixa etária de 25 a 34 anos o valor sobe para 26,4%, segundo dados da Vigitel 2021 disponíveis no Observatório da APS.

Como prevenir o câncer de mama

O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais incidente na saúde da mulher brasileira. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima 73 mil novos casos para o triênio 2023-2025. Em 2021, foram registrados 18.139 óbitos pela doença em todos os municípios brasileiros, segundo dados do DATASUS – SIM

Muitas vezes, o tratamento e o diagnóstico não são realizados em tempo oportuno, gerando menor sobrevida em comparação com países desenvolvidos, de acordo com o INCA.

Segundo as recomendações do Ministério da Saúde, mulheres com 40 anos ou mais de idade devem realizar um exame clínico das mamas anualmente. Entre os 50 e 69 anos, elas devem fazer pelo menos uma mamografia a cada dois anos, mesmo que não tenham sintomas.

Para mulheres com uma ou mais parentes de 1º grau que tiveram câncer de mama antes dos 50 anos, a recomendação é que os exames comecem a ser realizados 10 anos antes do caso mais precoce entre as parentes que tiveram a doença.

É importante que o acesso aos serviços de saúde sejam facilitados para que se possa reduzir a taxa de mortalidade, visto que em 2021, segundo dados do DATASUS – SIM no Observatório da APS, os números de óbitos por faixa etária foram:

65 anos ou mais8.125 mulheres
55 a 64 anos4.256 mulheres
45 a 54 anos3.376 mulheres
35 a 44 anos1.934 mulheres
25 a 34 anos434 mulheres
15 a 24 anos14 mulheres

Além disso, é importante otimizar o momento do diagnóstico, principalmente para grupos que historicamente têm mais dificuldade de acesso aos serviços de saúde ou que apresentam maiores vulnerabilidades e singularidades.

Diabetes: atenção aos fatores de risco

De acordo com dados disponíveis no Observatório da APS da Vigitel de 2021, há mais de 3 milhões de pessoas vivendo com a doença nas capitais brasileiras, sendo que a prevalência é maior entre as mulheres.

Porcentagem de homens com diabetes8,68%
Porcentagem de mulheres com diabetes9,67%

O diabetes pode ser categorizado em três tipos principais, sendo os últimos dois especialmente prevalentes em mulheres:

  • Tipo 1, que normalmente ocorre já na juventude e tem origem autoimune;
  • Tipo 2, que tem origem multifatorial e está relacionado a má alimentação e a outras DCNTs;
  • Diabetes Mellitus Gestacional (DMG).

Segundo o Ministério da Saúde, os fatores de risco para desenvolvimento do diabetes, além dos fatores genéticos e a ausência de hábitos saudáveis, são:

  • Diagnóstico de pré-diabetes;
  • Pressão alta;
  • Colesterol alto ou alterações na taxa de triglicérides no sangue;
  • Sobrepeso, principalmente se a gordura estiver concentrada em volta da cintura;
  • Pais, irmãos ou parentes próximos com diabetes;
  • Doenças renais crônicas;
  • Mulher que deu à luz criança com mais de 4kg;
  • Diabetes gestacional;
  • Síndrome de ovários policísticos;
  • Diagnóstico de distúrbios psiquiátricos – esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar;
  • Apneia do sono;
  • Uso de medicamentos da classe dos glicocorticoides.

Dessa maneira, o acompanhamento com profissionais de Atenção Básica da Saúde, através da medição dos níveis de açúcar no sangue e do controle de todos os fatores de risco, é de suma importância para a prevenção do desenvolvimento do diabetes na saúde da mulher.

Hipertensão: fatores de risco e prevenção

O número de pessoas adultas com diagnóstico de hipertensão aumentou de 25,5% em 2020 para 26,4% em 2021 nas capitais brasileiras, segundo dados da Vigitel disponíveis no Observatório da APS.

Porcentagem de brasileiros de cada gênero com hipertensão:

Mulheres26,38%
Homens24,46%

A hipertensão tem alta prevalência na saúde do brasileiro. A doença é ainda mais comum acima dos 55 anos, com prevalência em 49,6% da população entre 55 a 64 anos e acima de 60% na faixa etária de 65 anos ou mais, de acordo com a mesma fonte.

Prevenção da hipertensão

Exames simples de rotina podem identificar sintomas de hipertensão na saúde da mulher. Segundo recomendações do Ministério da Saúde, pessoas com mais de 20 anos devem medir a pressão ao menos uma vez ao ano. Caso haja histórico familiar de hipertensão, a recomendação é de duas medições por ano. 

Prevenção e atenção são primordiais para a saúde da mulher

De forma geral, a Atenção Básica à Saúde, como o primeiro contato para a saúde da mulher, evita processo de adoecimento, principalmente no âmbito das doenças não transmissíveis. Ela evita também, a longo prazo, procedimentos invasivos e a necessidade de longos deslocamentos.

Por isso, o fortalecimento de ações voltadas à democratização ao acesso da saúde da mulher dentro da atenção básica são de suma importância para a longevidade e o bem-estar de mais da metade da população brasileira.