Covitel 2023: um olhar para como está a saúde do brasileiro hoje

Uma moça abraça um homem mais idoso pelas costas. Ele está sentado no sofá e ela atrás. Ele tem cabelos e barba grisalhos e ela tem cabelos encaracolados

A edição 2023 do Covitel aponta que 62,8% dos brasileiros e das brasileiras avaliam seu estado de saúde como bom ou muito bom. Apesar da percepção positiva em relação à própria saúde, outras respostas indicam pontos de atenção quanto a hábitos alimentares, prática de atividade física e consumo de álcool e tabaco, fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs).

Segundo a pesquisa, mais da metade da população (56,8%) está com excesso de peso e apenas 31,5% praticam ao menos 150 minutos de atividades físicas moderadas ou vigorosas por semana, como recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O levantamento ouviu nove mil pessoas com 18 anos ou mais, em todas as regiões do país, entre janeiro e abril deste ano.

As doenças crônicas não transmissíveis são a principal causa de mortes prematuras no mundo todo. Por isso, dados como estes são fundamentais para orientar e planejar políticas públicas de enfrentamento, além de compreender o impacto da pandemia nos hábitos e diagnósticos dessas condições. Confira abaixo destaques do relatório, disponível na íntegra para download e consulta no Observatório da Atenção Primária à Saúde.

Alimentação saudável: um desafio para mais da metade dos adultos

Em todo o Brasil, 45,5% da população adulta come verduras e legumes regularmente, ou seja, cinco ou mais porções desses alimentos na semana. Considerando o consumo de frutas, o índice reduz para 41,8%.

O comportamento varia de acordo com sexo, idade, escolaridade e a localização dos participantes da pesquisa. De forma geral, este é o perfil de quem mais consome verduras, legumes e frutas, segundo o Covitel 2023:

  • Mulher;
  • Tem 65 anos ou mais;
  • Possui 12 anos de escolaridade ou mais;
  • Vive na região Sul.

Durante a pandemia, houve piora na qualidade da alimentação, impactada pelo aumento da insegurança alimentar e da fome. Já hoje, os indicadores se aproximam dos níveis pré-pandemia

Aqui, o destaque é novamente a região Sul, onde o consumo regular de verduras e legumes passou de 49,7% antes da pandemia para 52,6% hoje; enquanto o de frutas cresceu de 41,1% para 45,5% nos mesmos períodos.

De olho nos benefícios da atividade física regular

O Guia de Atividade Física para a População Brasileira elenca diversas vantagens da atividade física para a qualidade de vida. Os principais benefícios:

  • Prevenir e diminuir a mortalidade por doenças crônicas, como pressão alta e doenças do coração, diabetes e alguns tipos de câncer;
  • Ajudar a controlar o peso e prevenir sobrepeso e obesidade;
  • Reduzir o estresse e sintomas de ansiedade e depressão.

No entanto, se a nova edição do relatório aponta melhora na saúde alimentar, a realização de atividades físicas, por outro lado, está em baixa. Do pré-pandemia para hoje, o índice de adultos que completaram 150 minutos de atividade física por semana no tempo livre passou de 38,6% para 31,5%, na média nacional.

População fisicamente ativa*, por região do Brasil

RegiãoÍndiceIC 95%**
Centro-Oeste34,3%30,1% – 38,7%
Nordeste31,4%27,3% – 36%
Norte34,1%29,7% – 38,8%
Sudeste30,5%28% – 33,1%
Sul31,7%28,5% – 35%
Fonte: Covitel, 2023. Dados disponíveis no Observatório da APS.
*Pessoas que praticam pelo menos 150 minutos de atividades físicas moderadas ou vigorosas por semana.
**O Intervalo de Confiança (IC) considera um acerto de 95% sobre cada estimativa.

Com relação à idade, a maior mudança pré e pós-pandemia foi para a população entre 18 e 24 anos. Se, antes, praticamente metade (49,2%) dos mais jovens fazia exercícios no tempo livre, o índice caiu para 36,9%. Essa faixa etária também registra maior prevalência de tempo excessivo de telas: 76,1% passam três ou mais horas por dia usando celular, computador, televisão, etc. no tempo livre.

Tabagismo e consumo de álcool seguem como preocupação

Fumar é o principal fator de risco associado a cânceres preveníveis. Entre as doenças que o cigarro pode causar está o câncer de traqueia, brônquios e pulmão. Atualmente, a prevalência de tabagismo no Brasil é de 11,8%, segundo o Covitel 2023.

Já no recorte regional, o Sul registrou o maior percentual de fumantes nos três períodos avaliados

Prevalência de tabagismo no Brasil em 2023, por região

RegiãoÍndiceIC 95%*
Centro-Oeste14,6%10,4% – 20,2%
Nordeste9,4%5,7% – 15,1%
Norte9,3%7,5% – 11,5%
Sudeste12%9,6% – 14,8%
Sul15,8%13,2% – 18,8%
Fonte: Covitel, 2023. Dados disponíveis no Observatório da APS.
*O Intervalo de Confiança (IC) considera um acerto de 95% sobre cada estimativa.

Nacionalmente, quem mais fuma tem entre 45 e 54 anos (15,2%), seguido pela faixa etária de 55 a 64 anos (14,6%). A prevalência também é maior entre homens – 15,2% ante 8,7% das mulheres.

O mesmo acontece para o consumo regular de álcool (três ou mais dias por semana). Enquanto a média nacional em 2023 é de 7,2%, o índice sobe para 11,8% entre indivíduos do sexo masculino.

Outro dado, trazido pela primeira vez na edição 2023 do Covitel, diz respeito a consumo nocivo ou dependência de álcool. A média nacional é de 4%, alcançando 6,8% nas regiões Centro-Oeste e Norte.

É fundamental conhecer dados como estes para desenhar políticas públicas relacionadas a estes e outros fatores de risco. Isso não apenas salva vidas e melhora a qualidade de vida da população, mas também reduz gastos e colabora para um sistema de saúde mais eficiente para todos. Articulado e financiado pela Umane, o Covitel 2023 é realizado pela Vital Strategies e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com apoio da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).