Desempenho do Brasil nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos: a conexão entre esporte e saúde da população brasileira

Mulher fazendo ginástica olímpica
Crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A primeira participação do Brasil nas Olimpíadas da era moderna se deu na Antuérpia (Bélgica) em 1920; já a estreia nas Paralimpíadas foi em 1972, na edição realizada em Heidelberg (Alemanha). O desempenho do Brasil nos Jogos Olímpicos oscilou ao longo dos anos: a primeira medalha veio do atletismo em 1932, nas Olimpíadas de Los Angeles (EUA) e a primeira medalha paralímpica na edição de 1976, em Toronto (Canadá). 

O olhar para o desempenho do Brasil nos Jogos Olímpicos mostra uma relação direta entre investimentos e expressivos resultados conquistados por nossos atletas. A partir dos anos 2000 — quando diferentes leis e outras iniciativas de incentivo ao esporte e atletas olímpicos entraram na agenda governamental —, ficou ainda mais evidente a importância do desenvolvimento de políticas esportivas de longo prazo. 

Evolução e desempenho do Brasil nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos

A melhor participação brasileira nas Olimpíadas foi em 2016, quando os jogos foram realizados no Rio de Janeiro. Naquela edição o Brasil conquistou 20 medalhas: 7 ouros, 6 pratas e 6 bronzes. Embora não seja o nosso recorde de medalhas — em Tóquio 2020 (Japão), realizada em 2021 devido à pandemia de Covid-19, foram 21 medalhas —, os números alcançados na edição dos Jogos Olímpicos realizada no Brasil foi a mais significativa em termos de resultados expressivos.

As políticas de incentivo ao esporte e atletas implementadas a partir dos anos 2000 acompanham a evolução do desempenho do Brasil nos Jogos Olímpicos. Naquele ano, em Sidney (Austrália), foram conquistadas 6 pratas e 6 bronzes, colocando o país no 52º lugar no quadro de medalhas. Em 2016, o Brasil alcançou o 13º lugar, com o destaque para a diversidade de esportes com lugar no pódio. 

Quando voltamos nosso olhar para os Jogos Paralímpicos, pode-se dizer que o Brasil é uma potência esportiva. O país tem uma participação marcante nas Paralimpíadas, com lugar consolidado no cenário internacional do esporte adaptado. 

Na última edição das Paralimpíadas, Paris 2024, o Brasil ficou com o 5º lugar geral do quadro de medalhas, conquistando 25 ouros, 26 pratas e 38 bronzes, totalizando 89 medalhas. Além das conquistas no pódio, diversos recordes paralímpicos e mundiais foram quebrados por atletas brasileiros, evidenciando a força do esporte paralímpico nacional.

Entre as iniciativas governamentais de incentivo ao esporte, destacam-se a Lei Agnelo/Piva de 2001, que destina parte dos recursos das loterias federais aos esportes olímpicos; o Bolsa Atleta de 2005, para o patrocínio individual de atletas; e a Lei de Incentivo ao Esporte de 2006, que permite a dedução fiscal para empresas que investem em esportes e atletas.

Como o desempenho do Brasil nos Jogos Olímpicos reflete a saúde da população

Dados da pesquisa Covitel 2023 disponíveis no Observatório da APS mostram que 31,5% da população brasileira pratica alguma atividade física moderada ou vigorosa regularmente. Entre os homens, aqueles com perfil para a prática da atividade física somam 34,8%; entre as mulheres, o percentual é de 28,3%. 

O desempenho do Brasil nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos tem potencial para catalisar um aumento significativo da prática esportiva no país, bem como impactar positivamente em diversos indicadores de saúde. 

A economia em Saúde Pública, por exemplo, pode vir da redução dos custos com o tratamento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), bem como a menor demanda por medicações de uso contínuo. No nível pessoal, podemos citar a menor incidência de doenças cardíacas, como hipertensão arterial, além da redução da obesidade e sobrepeso, refletindo na prevenção da diabetes

A prática regular de atividade física também ajuda a fortalecer o sistema imunológico, desenvolve os músculos e aumenta a densidade óssea, prevenindo a osteoporose. Os benefícios também incluem a saúde mental, com a redução de sintomas da ansiedade e depressão e a melhoria na qualidade do sono, contribuindo para a sensação de bem-estar geral. 

O sucesso de atletas aumenta a visibilidade dos esportes e tem efeito inspirador nas pessoas, despertando o interesse nas diferentes modalidades esportivas. Um aumento na base de praticantes pode levar à descoberta de novos talentos, gerando um fluxo contínuo do desenvolvimento esportivo nacional. 

Para maximizar esse potencial inspirador, é fundamental que haja um esforço coordenado entre poder público, setor privado e sociedade civil na criação de políticas públicas e programas que transformem a inspiração olímpica e paralímpica em ação prática no cotidiano da população.