Transtornos de ansiedade e depressão: um chamado à ação na saúde mental no Brasil

ranstornos de ansiedade e depressão: um chamado à ação na saúde mental no Brasil

Os transtornos de saúde mental no Brasil são um problema de saúde pública importante, recaindo sobre a Atenção Primária à Saúde a alta procura por assistência em decorrência dos sinais clínicos e sintomas vivenciados pelos pacientes. Entre os transtornos mais comuns estão a ansiedade e depressão, cuja prevalência global aumentou em 25% desde a pandemia de Covid-19, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Sinais de depressão e ansiedade

A depressão é um transtorno mental que tem como principais sinais a tristeza persistente e a perda de interesse por atividades prazerosas. Também pode vir acompanhada de sintomas como perda de energia, inapetência, insônia, hipersonia, ansiedade, perda ou ganho de peso, dificuldade/perda da capacidade de concentração e sensação de desprazer e de culpa, entre outras.

Já o transtorno de ansiedade é caracterizado pela preocupação excessiva ou expectativa apreensiva, persistente e de difícil controle. É acompanhada por sintomas como a inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono. Sintomas físicos como palpitações, falta de ar, taquicardia, sudorese, dor de cabeça e dores musculares podem estar associados.

Dados: prevalência de ansiedade e depressão no Brasil

Pesquisa Covitel 2023 mostra que o número de brasileiros com diagnóstico médico autorreferido de ansiedade e depressão acompanha a tendência mundial verificada pela OMS. De acordo com os resultados consultados no Observatório da APS, 26,8% da população sofre de ansiedade, enquanto 12,7% convivem com a depressão. 
Os dados sobre saúde mental também apontam que a prevalência da ansiedade e da depressão é maior entre as mulheres, atingindo 34,2% e 18,1% desse grupo, respectivamente.

Fonte: Dados do Covitel acessados no Observatório da APS.
Fonte: Dados do Covitel acessados no Observatório da APS.

Os transtornos de ansiedade e depressão têm ampla distribuição regional, como demonstra a tabela abaixo. 

Prevalência de ansiedade e depressão no Brasil, por região:

Diagnóstico de ansiedadeDiagnóstico de depressão
Centro-Oeste32,2%15%
Nordeste21,1%11,2%
Norte21,6%11,8%
Sudeste29,2%11,6%
Sul30%18,3%

Fonte: Dados do Covitel acessados no Observatório da APS.

Prevenção e promoção da saúde mental dos jovens

Em relação às faixas etárias, a pesquisa Covitel mostra que os transtornos de ansiedade e depressão são distribuídos. Entre 55 a 64 anos, 26,2% das pessoas têm diagnóstico de ansiedade e 17% de depressão. Já para a juventude, entre 18 e 24 anos, são 31,6% diagnosticados com ansiedade e 14,1% com depressão.

O Instituto Ame Sua Mente (IASM), por meio do projeto Ame Sua Mente na Escola, que contou com apoio da Umane, visa estabelecer uma nova cultura sobre saúde mental desde a juventude. Afinal, segundo o IASM, com dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), 50% dos transtornos de saúde mental apresentam os primeiros sinais até os 14 anos; 75%, até os 24.

Ao mesmo tempo, o estigma retarda, em média, dez anos a busca por atendimento psicológico, impactando também a vida adulta. Por isso, promover a saúde mental no ambiente escolar contribui para:

  • Desenvolvimento emocional desde cedo;
  • Ampliação do grau de conhecimento sobre saúde mental;
  • Redução de estigmas;
  • Prevenção e manejo de transtornos de ansiedade e depressão, entre outros.

Como resultado, 71,1% das escolas participantes do Ame Sua Mente na Escola passaram a identificar possíveis casos de transtornos de saúde mental entre os alunos; e 64,4% melhoraram a forma de lidar com essas situações.

O Instituto Ame Sua Mente desenvolveu um extenso material de apoio para educadores, profissionais de saúde e adultos responsáveis, incluindo estudos, guias, audiobooks e podcasts. O conteúdo está disponível na íntegra Biblioteca do Observatório da APS.

Fortalecendo os sistemas de atenção à saúde mental

Em junho de 2022, a OMS publicou relatório com um plano para que governos, acadêmicos, profissionais de saúde e sociedade civil em geral possam aprofundar o compromisso dado à saúde mental. Os transtornos de saúde mental são a principal causa de incapacidade e em condições graves podem reduzir em até dez anos a expectativa de vida de uma pessoa, principalmente por doenças físicas evitáveis.

No Brasil temos o Janeiro Branco, mês dedicado aos cuidados com a saúde mental e à construção de uma cultura de bem-estar emocional com vistas à melhoria da qualidade de vida. A escolha do mês não foi à toa, afinal em janeiro é comum traçar planos e metas para o ano que se inicia. Por que não aproveitar este momento para falar sobre saúde mental?

Atitudes simples podem reduzir significativamente a incidência dos transtornos de ansiedade e depressão, bem como as consequências associadas a elas. Atividade física, alimentação balanceada e boas noites de sono, por exemplo, são importantes aliadas para manutenção da saúde mental, bem como o cultivo de bons relacionamentos e maturidade para lidar com situações estressantes.  

A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) é responsável por cuidados relacionados à saúde mental no SUS, o Sistema Único de Saúde. Além disso, as redes dos diversos serviços de saúde são articuladas de maneira interconectada. Qualquer pessoa pode buscar apoio na Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima ou no Centro de Atenção Psicossocial do município.