Câncer do colo do útero: o terceiro tipo mais comum entre as mulheres brasileiras

Mulher em posto de saúde
Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde DF

O câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres brasileiras (excluídos os tumores de pele não melanoma), de acordo com dados do relatório anual de 2022 do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Ele está atrás apenas do câncer de mama e do câncer colorretal


Em todos os municípios do Brasil, a taxa de mortalidade por câncer do colo do útero foi de 6,4 a cada 100 mil mulheres em 2022, totalizando 6.983 óbitos, conforme informações consultadas no Observatório da APS. É importante alertar, ainda, para a maior mortalidade entre mulheres pardas e pretas (56,2%) e com menor escolaridade, até sete anos de estudo (53,9%).

Mortalidade de mulheres conforme a localização primária do tumor:

Tipo do tumorNúmero de mortes no Brasil em 2022
Câncer de mama19.103
Câncer colorretal11.156
Câncer do colo do útero6.983

Fonte: SIM-DATASUS, 2022. Dados para câncer de mama, câncer colorretal e câncer do colo do útero disponíveis no Observatório da APS

Até 2025, são estimados 17.010 novos casos por ano da doença no Brasil, o que corresponde a uma taxa de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres.

Afinal, o que é câncer do colo do útero?

Também chamado de câncer cervical, o câncer do colo do útero é causado pela infecção por alguns tipos do Papilomavírus Humano, o vírus HPV. Na maioria das vezes, a infecção genital pelo HPV não causa a doença, porém alterações celulares devido às mutações do vírus podem facilitar o aparecimento de tumores.


Nos estágios iniciais, pode ser assintomático, mas com o desenvolvimento da doença alguns sintomas de câncer no colo do útero podem aparecer:

  • Dores durante as relações sexuais, que podem vir acompanhadas de sangramentos;
  • Dores pélvicas;
  • Secreção vaginal anormal;
  • Mudanças nos hábitos urinários.

A exemplo de outras doenças, esses sintomas podem indicar outros problemas de saúde, sendo fundamental uma consulta médica para análise caso a caso.

A importância do exame Papanicolau para o diagnóstico precoce

Para mulheres com vida sexual ativa, é fundamental a presença em consultas ginecológicas regulares para realização do exame Papanicolau, o método mais comum para a triagem do câncer do colo do útero. O resultado das amostras de tecido coletadas no exame podem indicar alterações celulares que propiciam o aparecimento de tumores. 

Para pesquisadores e especialistas, expandir o acesso a consultas e melhorar as condições para a realização do exame é imprescindível para o controle e tratamento do câncer do colo do útero. De acordo com dados do Vigitel de 2023, 7.908.093 mulheres adultas, residentes nas capitais brasileiras, realizaram o exame Papanicolau há menos de um ano – o equivalente a 53,3% dessa população.

Fonte: Dados Vigitel, consultados no Observatório da APS.

A taxa de realização é maior (62,1%) na faixa etária de 25 a 34 anos, refletindo a recomendação do Ministério da Saúde para que o exame seja realizado a partir dos 25 anos por mulheres que já iniciaram atividade sexual, inicialmente uma vez por ano e, após dois exames normais consecutivos, a cada três anos.

Prevenção: quais os fatores de risco para câncer do colo do útero

O principal fator de risco para o surgimento do câncer do colo do útero é a infecção pelo vírus HPV, especialmente os oncogênicos. A infecção se dá pela via genital, daí a importância do uso de preservativos durante as relações sexuais. 

A vacinação contra o HPV para meninos e meninas, especialmente antes do início da vida sexual, é outra iniciativa importante para prevenir o aparecimento do câncer do colo do útero. O Ministério da Saúde recomenda a primeira dose até os 14 anos. A vacina também pode ser administrada para pessoas acima dessa idade. 

Tratamento do câncer do colo do útero

O câncer do colo do útero é curável e quanto mais cedo for descoberto, maior a chance de cura. A remoção cirúrgica dos tumores é a prática mais comum nos estágios iniciais da doença. Casos mais avançados podem envolver também a radioterapia, a quimioterapia e a imunoterapia no processo de tratamento. 

O Painel Oncologia do DATASUS mostra que eram 18.095 as mulheres diagnosticadas em 2023 e em tratamento contra o câncer de colo do útero no Brasil. A faixa etária com o maior número de mulheres em tratamento vai dos 35 aos 44 anos, somando 5.138, seguida pelas mulheres dos 45 aos 54 anos, que totalizam 4.329. 

Para garantir melhor qualidade de vida para a população feminina e reverter esses números é fundamental a conscientização a respeito da prevenção do câncer do colo do útero, assim como de sua detecção precoce. Também é necessário combater o estigma e a desinformação em relação à vacinação contra o HPV – a melhor e mais eficaz forma de proteção contra este tipo de tumor, oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).