Compreender a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata é crucial para aumentar as chances de um tratamento bem-sucedido e reduzir a mortalidade pela doença. Afinal, este é o segundo tipo de câncer mais incidente entre a população masculina, atrás apenas do de pele não melanoma. Conforme o Instituto Nacional de Câncer (INCA), considerando ambos os sexos, o tumor na próstata se mantém como o segundo mais comum.
Em 2021, houve 16.300 óbitos em decorrência do tumor na próstata em todos os municípios do Brasil, de acordo com dados do SIM/DATASUS. Cálculo realizado pelo Observatório da APS a partir dessa informação indica 17,3 mortes a cada 100 mil habitantes, ante taxa de 16,6 do câncer na mama.
| Tipo de câncer | Total de óbitos | Taxa – 100 mil hab. |
| Câncer de próstata | 16.300 | 17,3 |
| Câncer de mama | 18.139 | 16,6 |
Estatísticas sobre o câncer de próstata apoiam o planejamento e a organização das ferramentas de cuidado disponíveis em todos os níveis de atenção à saúde, durante o Novembro Azul e ao longo do ano. Confira a seguir um guia completo e atualizado com dados e tudo o que é importante saber sobre o câncer de próstata.
Câncer de próstata: o que é, sintomas e fatores de risco
Para começar, é importante entender: afinal, o que é a próstata? Trata-se de uma glândula que produz parte do sêmen e integra o sistema reprodutor masculino. A próstata está localizada abaixo da bexiga e à frente do reto. Por seu interior passa a uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada.
O câncer de próstata é definido pelo crescimento anormal e a multiplicação desordenada das células da próstata. Há casos em que o câncer de próstata é agressivo e se espalha para outros órgãos do corpo; mas, em geral, este tipo de tumor cresce de forma lenta e com poucos sinais.
O tratamento depende do estadiamento da doença, da idade e do estado geral de saúde do paciente, e pode ser com cirurgia associada a quimioterapia e/ou radioterapia.
Sintomas: como identificar o câncer de próstata
Os principais sinais de alerta para a doença são:
– dificuldade ou ardor para urinar;
– vontade de urinar frequente;
– esvaziamento incompleto da bexiga;
– jato urinário fraco;
– gotejamento;
– mais raramente, presença de sangue na urina;
– dor na região pélvica.
No entanto, o câncer de próstata pode ser assintomático, especialmente nas fases iniciais. Além do que, indícios como a dificuldade para urinar também podem ser causados pelo crescimento da próstata, comum com o avançar da idade (hiperplasia prostática benigna – HPB).
Por isso, buscar atendimento de saúde é fundamental para um diagnóstico preciso. Na presença de sinais e sintomas, recomenda-se a realização de exames para investigar a possibilidade de um tumor na próstata.
Causas e fatores de risco do câncer de próstata
O câncer de próstata pode se desenvolver em qualquer homem, mas alguns fatores de risco aumentam a probabilidade da doença. Estes fatores incluem:
1- Histórico familiar e fatores genéticos, como alteração nos genes BRCA 1 e 2 e ATM. Ter parentes de primeiro grau (pai ou irmão) com câncer de próstata aumenta o risco, especialmente se o caso tiver ocorrido em idade jovem;
2- Excesso de peso corporal (sobrepeso e obesidade);
3- Exposição a determinados produtos químicos, como amianto, arsênio, produtos de petróleo, fumaça de veículos e fuligem, entre outros;
4- Fumantes que desenvolvem a doença tem um prognóstico pior e risco aumentado de morte;
5- Idade é um fator de risco importante, pois tanto a incidência quanto a mortalidade crescem significativamente após os 60 anos.
Idade é o principal fator de risco para o câncer de próstata
Segundo o INCA, 75% dos casos de câncer de próstata no mundo todo ocorrem na população idosa, a partir dos 65 anos. No Brasil, dados do Painel Oncologia do DATASUS corroboram a prevalência nessa faixa etária. Entre as cerca de 40 mil pessoas que foram diagnosticadas e receberam tratamento contra o câncer de próstata no SUS e rede conveniada ao longo de 2022, 70,77% (28.548) tinham 65 anos ou mais.
O cenário também é confirmado considerando-se o índice de mortalidade. Entre as 16.300 mortes devido ao câncer de próstata no Brasil em 2021, mais de 89% (14.547 óbitos) dizem respeito à faixa etária a partir de 65 anos.
Detecção precoce: quais os exames usados para investigar o câncer de próstata
Os dois exames mais comuns para identificar alterações que podem indicar a doença são:
1- Exame de toque retal: o médico avalia tamanho, forma e textura da próstata.
2- Exame de PSA (Antígeno Prostático Específico): exame de sangue que mede a quantidade dessa proteína produzida pela próstata. Níveis altos podem significar câncer ou outras doenças benignas.
De modo geral, os médicos orientam a realização desses exames a partir dos 50 anos; no entanto, homens com história familiar de câncer de próstata antes dos 60 anos podem começar a partir dos 45.
O Ministério da Saúde não recomenda o rastreamento do câncer de próstata. Portanto, o paciente e seu médico devem discutir os riscos e os benefícios dessa prática. Dessa forma, para a detecção precoce, torna-se ainda mais importante que os profissionais de saúde e a população estejam bem informados e aptos a reconhecer sinais suspeitos.
Ainda hoje, o cuidado com a saúde física e mental representa um estigma social, principalmente entre os homens. Seis em cada dez homens (62%) no Brasil só buscam atendimento médico quando os sintomas são insuportáveis, de acordo com pesquisa do Instituto Lado a Lado pela Vida. Já o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que os homens vivem em média sete anos a menos que as mulheres.
Por isso, a campanha Novembro Azul é um lembrete importante de que a saúde masculina requer atenção. É necessário conscientizar a comunidade como um todo sobre a importância de adotar um estilo de vida que minimize fatores de risco, promova a saúde e previna doenças, pilares defendidos pela Atenção Primária à Saúde.